30/04/10

"Um lugar para viver"



Não será um filme exaltante, daqueles que se anseiam voltar a ver, e rever...é um filme quase simples, em torno de dois personagens que na sua procura conjunta se interceptam com outros na mira inconsciente de retornarem à única causa que os moveu no caminho: o afecto.
É a história de um casal, que por circunstâncias da espera de um primeiro filho, e das preocupações inerentes ao seu futuro, que sonham perfeito, partem em busca de "um lugar para viver". Após vários encontros e reencontros com lugares e pessoas, e o confronto da imperfeição que se aparenta ou camufla tanto nos lugares como nas pessoas, descobrem o essencial, ao seu alcance desde o início da viagem: o melhor lugar para viver habita no coração.

Uma história bonita, bem interpretada, revestida de humor e ternura, e que ocasionalmente surpreende pela sátira quase imperceptível, e mesmo perturbadora, da sociedade americana.
É do Sam Mendes, realizador de dois outros filmes marcantes: American Beauty e Revolutionary Road.

ABRIL 2010




Uma marcha onde a voz da fraternidade imperava.
Onde a Luta se assumia firme e tenaz. E os punhos se erguiam a bradar
que "fascismo nunca mais".

22/04/10

Férias!


Descanso, manifestações de Abril e de Maio, Teatro, Amigos = (às minhas) férias!


Até breve!

PARTILHA DE ABRIL VII

Por não me ser possível partilhar este ícone de Abril na madrugada de sábado, como desejaria, antecipo-o para hoje.
Comentário?! O POVO é (mesmo!) quem mais ordena! Há quem nos (des) governe e ande a descurar esta VERDADE. Mas ABRIL vingará, SEMPRE!

"Como lamber uma tigela"

Este post é para os amantes da "bicharada", onde eu me incluo. Enviaram-mo por e-mail e não resisti: é demasiado ternurento para não o partilhar. :))




21/04/10

LIBERDADE



Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.


Armindo Rodrigues

PARTILHA DE ABRIL VI

Mais Abril, noutra (grande) VOZ:

20/04/10

PARTILHA DE ABRIL V

Outra canção de Abril:PEDRA FILOSOFAL, por Manuel Freire a "emprestar" a voz ao soberbo poema do A. Gedeão.

19/04/10

Homem, Abre os Olhos e Verás



Homem,
abre os olhos e verás
em cada outro homem um irmão.

Homem,
as paixões que te consomem
não são boas nem más.
São a tua condição.

A paz,
porém, só a terás
quando o pão que os outros comem,
homem,
for igual ao teu pão.

Armindo Rodrigues

Quem se lembrará do Mário Viegas a declamar este poema? Nunca mais se esquece...

18/04/10

PARTILHA DE ABRIL IV

Esta é uma música que "nasceu",quase, ao mesmo tempo que eu... sem perceber porquê, retinha-me a ouvi-la, em miúda. Hoje, finalmente, sei porque continuo a gostar tanto de a ouvir... E o Paulo de Carvalho, não sendo da minha geração, é dos cantores que mais aprecio, em Portugal. É uma VOZ belíssima, ainda hoje...Uma grande VOZ.

16/04/10

PARTILHA DE ABRIL III

Este Senhor dispensa qualquer apresentação.Lindo, ele, a música...

14/04/10

PARTILHA DE ABRIL II

Que poema lindo! Com música e imagens a condizer...Hoje, a partilha recai numa "canção de Abril" :

13/04/10

As Portas Que Abril Abriu



Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais feliz
dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raíz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado
Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.
(...)

José Carlos Ary dos Santos

11/04/10

Partilha VI

Surripiada a ideia deste vídeo ao Anónimo sec. XXI, insiro-a numa das mais bonitas partilhas que poderia congeminar. É comovente...

10/04/10

PARTILHA DE ABRIL I

Dois ícones da nossa música... "de Abril"

08/04/10

Dona Abastança


Inspirada pela poesia do Cravo de Abril, hoje escolhi Manuel da Fonseca, também ele poeta do Novo Cancioneiro, para "recitar" um dos seus poemas:

«A caridade é amor»
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.

Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»

Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.

O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.

Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.

Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.

Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.

in "Poemas para Adriano"

06/04/10

Partilha V

Esta é uma partilha muito, muito especial: O direito de viver em Paz!

Partilha IV

Outra grande mulher, a cantar Violeta Parra:

05/04/10

Amigos

Conheci-os há poucos anos e entre nós despontou uma amizade singular. Comecei por conhecer o Sr. Francisco, à esquerda, um homem com uma índole sem igual, que os seus quase 80 anos testemunham. Juntou-nos a serra, como ele vinca. Na verdade eu procurava fazer caminhadas pelos montes e vales sob a orientação de quem conhecia, a fundo, os seus contornos e perigos. O Sr. Francisco tem 35 anos de caminhadas pelas serras, não só da Madeira e Porto Santo, mas também do Continente. É um conhecedor profundo de cada metro de chão que "palmeia" connosco, delimita fronteiras, com rigor, entre os sítios e freguesias e ostenta, com uma vaidade pueril, todos os nomes que, toponimicamente, baptizaram esses lugares. É assumidamente um apaixonado pela serra, e nem o coração que teima em atormentá-lo há uns meses, o tem impedido de reincidir, todas as semanas, nas caminhadas, que nos arrastam pelos montes, tomados pelo verde intenso da ilha que resplandece sob a luz que atravessa o céu, deserto de nuvens.
O sr. Francisco é, além do mais, um genuíno acolhedor de animais. Nas suas incursões pelas levadas cativou um cão, um gato... e sempre que repete o percurso leva-lhes pão com manteiga, envolto, cuidadosamente, num guardanapo. Em casa, sofre com os sobressaltos que o pombo "Vitinho" lhe dá, quando, parasitado, deixa de voar ou de comer ou quando se esgueira de casa para ir acasalar... vaticina-lhe a morte e sofre por antecipação. Emocionou-se quando mediquei o pombo e com isso, uma mera desparasitação e aporte vitamínico, o arrebitei para que este voltasse a pousar-lhe no ombro enquanto trauteava uns acordes na guitarra. O "Vitinho" não está cativo numa gaiola, mas deixou-se ficar no terreiro do Sr. Francisco, enternecendo-o com os voos em seu redor , bicadas ternurentas no seu rosto e o descanso que o faz ficar tanto tempo ao seu ombro, como a velá-lo.
Outros pássaros vêem lá comer, ao quintal do Sr. Francisco. Ele reserva-lhes sempre um prato com alpista e migalhas de pão e nem as uvas penicadas, em cada ano, o zangam o suficiente para desistir de os cuidar.

Pelo Sr. Francisco conheci o Sr. João, à direita, com 87 anos. Este, é uma personificação da vida. Impressiona-nos com a sua vitalidade, a sua agilidade física e mental. O Sr. João "dá carreiras", que é o mesmo que dizer ainda corre! Também ele palmilha a serra há 45 anos, e é enternecedor vê-lo a discutir com o Sr. Francisco, quase como se se tratasse de uma competição juvenil, a demarcação e nominação dos lugares. Depois, invariavelmente, após um cognominar o outro de "teimoso" culmina sempre, por parte do outro, no seguinte remate: "Já viu um teimoso teimar sozinho?!". E riem-se, dissipando o calor da discussão.
O Sr. João é um autodidacta insaciável, e pela leitura, afirmou-me, encontrou respostas para muitas das suas dúvidas e inquietações. Gosta de partilhar o que lê. De partilhar as suas memórias, e tem tantas! Desde o primeiro voo sobre o Atlântico, o primeiro submarino que aportou na ilha, o comboio que um dia ligou o Monte ao Funchal, no qual o seu pai era maquinista, o primeiro telefone que houve no Funchal...e estórias, tantas estórias suas.
Há um mês, no temporal, perdeu uma parte de sua casa, onde vive só, quase eremitizado. Quando o fomos buscar, há dois dias, a casa estava recuperada. O Sr. João reconstruiu-a sozinho, tecto, paredes, chão.... sozinho! Provavelmente com o incentivo do seu grande amigo, como ele o afirma, o "Pépe", o cão rafeiro que ele abriga.

O Sr. Zeca é da cidade. Tem 70 anos, acolhe bem a tecnologia, internet incluída, e acompanha os amigos pela serra há um rol de anos.
Nestas mini-férias acompanhei-os durante um dia. Com eles reencontro sempre a boa disposição, a alegria que acompanha "as coisas simples". No fim de cada caminhada, é inevitável: segue-se o repasto regado a bom vinho. E as emoções soltam-se, desprendendo-se em frases simples, que me comovem: "Oiça...tenho muita amizade por si!".

Eu também, meus amigos! Eu também!
Por cada um de vocês!
Bem-hajam!
Até breve.

04/04/10

Partilha III

Veja-se a colossal beleza desta mulher e artista:

01/04/10

Partilha II

Desta vez, a partilha recai em Facundo Cabral, poeta, cantor e crítico social, vindo da Argentina: